Teresa Guilherme, mais acariciada pelos Portugueses por "Teresinha", revelou à Correio TV os anseios e expectativas a dois dias de se estrear na apresentação de ‘Casa dos Segredos’, na TVI.

Entusiasmada com este regresso?
Bastante. Do que já vi, dos concorrentes, tem possibilidades de ser um programa muito divertido e emotivo. E ocupar o meu tempo num programa que pode divertir as pessoas é sempre engraçado.



Conhece os concorrentes?
Pessoalmente não, mas já os vi em foto e vídeo.

Qual o ingrediente que não lhes pode faltar?
A vontade de entrarem numa casa e o espírito de desafio e de aventura. Não é bem porem-se à prova, é muito mais pelo quebrar da monotonia. Como irem fazer uma viagem, mas que acaba por ser vista por muita gente. A atitude é de conhecer novas pessoas. Mas a vontade de jogar, no sentido de ir mais além, está em todos.

Conhece os segredos destas pessoas?
Claro que sei os segredos.

E teve uma palavra a dizer na escolha?
Vi os castings e dei algumas opiniões, mas a escolha é da TVI e da Endemol. A minha opinião não é decisiva nem deveria ser, até porque um apresentador não se deveria envolver assim tanto, bater-me para alguém entrar e que depois afinal não funciona, ou desiste. O apresentador tem que ser muito independente neste tipo de programa. Posso dar uma opinião, vi os vídeos, mas não vi a escolha final. Até porque isso ainda não existe, há sempre uns quantos a mais. Se ajudei não sei, foi mais uma opinião,e penso que a opinião de alguém que ja fez muitos realitys tem um peso diferente. Mas não tem só a ver com escolher este ou aquele, eles têm que combinar, não podem ser todos iguais, nem sem nenhuma afinidade.

A Teresa é conhecida por ser uma casamenteira e encontrar romances entre os concorrentes. Já viu possíveis relações neste grupo?
Isso vem depois, por uma questão de feeling. Num casting uma pessoa está sob stress, quer agradar e foram essas as imagens que vi. Essa energia só vou ver ao mesmo tempo que as outras pessoas. Espero que sim, que eles se amem, não obrigatoriamente que haja sexo na casa, que as pessoas acham sempre que isso é o mais importante. Mas para mim o mais importante é que se apaixonem.

A primeira edição surpreendeu pelos segredos. Foi difícil encontrar novos segredos para seduzir os portugueses?
A primeira edição tinha um bom elenco de concorrentes, com segredos muito engraçados e surpreendentes. No entanto, acho que isso não estraga o jogo de maneira nenhuma porque é bom não perder de vista que nós cá fora temos acesso à lista de segredos e aos concorrentes, eles não. Lá dentro, vão ter que seguir a sua intuição. Vão ter algumas pistas, palavras que ao longo da semana vão sendo dadas, mas não sabem que segredo têm que descobrir. Por exemplo, nunca colariam à imagem do António o segredo de ter uma casa de alterne. Eles não têm acesso ao segredo, mesmo quando é revelado pelo programa. Têm que ser quase detectivescos para conseguir levar o outro a revelar o seu segredo, sem divulgar o próprio. Eu sou uma péssima mentirosa, ia revelar o meu segredo num instantinho.

Sendo uma péssima mentirosa e muito conversadora, tem medo de se descair?
Tenho medo de duas coisas: lá no fundo tenho a lista de a quem pertence que segredo, mas tenho medo de, apesar de estar lá no fundo, perguntar o que não devo. Disso e, ainda mais, de que se sintam à vontade e no confessionário se descaiam e me digam qual é o seu segredo. Não logo ao princípio, mas há alturas em que vão ter essa vontade, porque nós temos necessidade de confiar e conversar. Aconteceu na edição passada, o que é proibido, pode dar expulsão, mas é superior a eles. É uma pena, mas é humano. 

Mas na edição anterior cada concorrente revelava um segredo por semana.
Sim, mas a pouco e pouco. E este programa, claro que tem a mesma base, mas vai ter imensas surpresas, há alterações não só de concorrentes e segredos. A única regra base que se vai manter, para além das nomeações e expulsões, é rapazes nomearem rapazes e raparigas nomearem raparigas. O que é óptimo, porque o problema do BB era esse, os rapazes uniam-se e só nomeavam raparigas, elas não faziam o mesmo, e nas primeiras semanas só saíram mulheres. Tinha uma trabalheira para pedir às meninas que não se nomeassem.

E o que temos de surpreendente?
Nada. De divertido, sem dúvida. Sou sincera, ponho-me no papel de quem está a concorrer, a viver aquilo. É pensar o que motiva as pessoas a apaixonarem-se, a zangarem-se. As pessoas podem contar comigo para perguntar tudo o que me passar pela cabeça. Mas isso já fazia.

E a Teresa concorria?
Era incapaz. Aprecio muito a minha solidão, adoro estar sozinha em casa, viajar sozinha. Dois dias seguidos rodeada de todo o lado não consigo. Mas é por feitio e não por preconceito. Se pudesse ter um quarto só para mim, que fechasse um bocadinho, concorria, mas não de outra maneira. O convívio permanente com outras pessoas é-me insuportável.

Nota alguma diferença no que motiva estes concorrentes daquilo que há dez anos motivou quem entrou no primeiro Big Brother?
Sempre defendi que as pessoas não concorrem a um reality ou a um talent show  pelo dinheiro. É pela oportunidade, para aparecer na televisão, por milhões de coisas. Acho que na essência isso não mudou. No entanto, talvez pela crise em que estamos, estes falam mais nisso do que falavam os outros, mas é a única diferença que lhes encontro. Basicamente, querem entrar para passar um tempo, para ter uma história para contar aos netos. Porque quando uma pessoa se candidata a um programa como este, em que sabe que todas as semanas uma pessoa é expulsa, tanto pode ficar uma semana como todas. E ganhar é algo muito longínquo, tem que passar muita nomeação, muitas expulsões. Claro que entram para ganhar, mas não é uma coisa que falem logo no princípio, e se o fizerem é da boca para fora. 

Teremos estratégias de jogo?
Não acredito em estratégias que durem ao longo do programa. Acho que nesta altura devem estar a elaborar uma, baseado no que conhecem do ano passado e dos outros programas, é fácil informarerm-se, mas no minuto em que entrarem na casa, a estratégia muda ou deixa de existir. Porque encontrar tantas pessoas que não se conhece é logo uma descarga de conhecimento, de mudanças. É uma casa nova, dormir num sítio que não é habital, um horizonte visual completamente diferente, deixam de ter os seus divertimentos, o computador, o telefone, há pouco que possam ler, tudo regras para que não se possam comunicar a não ser pela fala ou gestos, o que se pode ouvir ou ver. Não é por sadismo que não podem levar isso para a casa. Na verdade, vão ter que fazer uma coisa que está muito pouco na moda que é conversar. Vão ter que contar a sua história e ouvir a dos outros.

Vamos ter só concorrentes conversadores? Não há pessoas tímidas neste grupo?
Também temos ali gente tímida. Há pessoas mais solares, que gostam de ser o centro das atenções, e outras mais discretas. Claro que todos têm a vontade de se expor, mas a realidade é que há uns que logo à partida se vê que têm um centro gravitacional muito à volta de si próprios, tanto rapazes como raparigas. Há para todos os gostos. Aliás, não é só por serem morenos, loiros, rapazes e raparigas que lá estão. Temos gente de várias partes do País, com diferente formação, é um grupo diversificado.

Já conhece a casa?
Já lá estive, mas agora ainda não fui lá, e deve haver imensas novidades. Também não faço intenção de visitar, se for é só para gravar a promoção à entrada, porque também gosto da surpresa.

E como é o regresso a um programa que mudou não só a televisão portuguesa como também a sua carreira?
Não mudou a minha carreira. Foi um dos programas mais difíceis de apresentar mas por uma razão extremamente simples: que é a habilidade superior de entrevistar pessoas que não nos veêm. Estão ali, às cegas, só a voz é que dá as entoações necessárias. E fazer uma entrevista a alguém que não nos vê é mais complicado do que um contacto olhos nos olhos com aquilo que o nosso corpo ajuda a adizer. Eu estou a observá-los, mas eles estão claramente em desvantagem porque não me estão a obsrevar a mim. E depois pelo inesperado, porque eles é que mandam. Preparei o primeiro programa, mas não posso escrever uma vírgula sobre a primeira gala, porque ainda vai decorrer uma semana. E isso é muito divertido porque é muito imprevisível. Este programa é poderoso e mudou a televisão, mas não mudou a minha carreira porque os heróis, nestes ou nos talents shows, são os concorrentes e nunca quem apresenta. Mas há um cunho ali que podemos dar. 

Como surgiu o convite?
"Queres apresentar?" "Sim". Da mesma forma que o outro, há 11 anos. Mas naquela altura nem sabia o que era o programa. Neste caso já tinha havido uma primeira edição. No ano passado, já que este progranma é o BB com segredos, achei que seria interessante apresentá-lo. Não foi a escolha da estação na altura, foi agora, maravilha.

Não hesitou?
Não. Hesito pouco, ou quero fazer as coisas ou não quero.

E porque é que a Teresa quer fazer este programa?
Porque é divertido. O que me motiva na vida é divertir-me e poder divertir os outros, que é a função de um apresentador.

Chegou a ser contactada para fazer a primeira edição?
Não. Nunca ninguém me convidou. Vim várias vezes à TVI mas por outro programa que depois não se concretizou. Acho que logo à partida, apesar das polémicas, na cabeça de quem mandava na TVI não houve dúvida nenhuma.

O programa de que fala é o ‘Sem Perdão', que seria para a TVI24. Como ficou, ainda o veremos?

Não sei, para já é este. Não sou de fazer planos a longo prazo, uma coisa de cada vez. Não sei o que vou fazer depois deste, até pode não ser um regresso, porque isso é quando as pessoas vêm para ficar, e eu venho para fazer este programa e depois logo se vê.

Mas o programa já estava numa fase adiantada?
Já estava muito adiantado, e depois acharam que era pena ser só no canal de cabo, que podia haver sinergia com um diário e complementarem-se, mas depois não havia dinheiro. Não foi uma desilusão, porque chegou-se à conclusão de que para fazer bem era preciso muito dinheiro e infelizmente hoje estamos numa situação ainda pior.

Mas desistiu da ideia?
Nunca mais pensei nisso. Honestamente, na altura fiz de tudo para o concretizar mas se tiver que ser, é.

E como ficam os seus outros projectos, uma vez que este vai exigir um acompanhamento diário?
Posso gravar, não preciso ficar ali todo o dia em frente à tv à espera. Mas nesta altura o que vou fazer é dar aulas, que já dou há dois anos, de apresentação. Está na calha, mas ainda não está assinado, a digressão que não fiz de uma peça de teatro, porque como ía fazer a novela na Globo no Brasil não daria para fazer no Verão. Depois não me deixaram ir e pensei que seria no fim do ano, estava tudo tratado.

Quem é a que a vai acompanhar nesta aventura, agora que o Pedro Granger foi para a RTP?

Tenho a certeza que se o Pedro tivesse ficado seria muito divertido apresentar o programa com ele. Vou apresentar o programa sozinha, como o formato original, e nos diários teremos a Mónica Jardim, a Leonor Poeiras e a Iva Domingues. Elas não vão estar ao domingo e eu não vou estar durante a semana.

Está preparada para enfrentar uma concorrência de peso?
Não me preocupa nada esse programa. Já ando nisto já muitos anos e preocupa-me sempre fazer o melhor possível até à loucura da vírgula e do ponto. Preparo, e depois tento fazer o melhor dos melhores dos melhores, e a partir daí não está nas nossas mãos. O que não me perdoaría era que algo não corresse bem porque eu não me preparei bem, sou incapaz de ir impreparada, e nestes programas os concorrentes sentem se nós não olharmos para algo, por menor que seja. Temos que lhes dizer que os acompanhamos.
Estou preocupada com o meu programa. A opinião que posso dar é de espectadora e eu, como gosto muito de música, o programa a que estaria mais ligada seria o da RTP, que nem sei se é ao domingo, mas é por gosto pessoal, ou o do ‘Masterchef', que não seria concorrência para um BB.

E o ‘Peso Pesado', da SIC?
No programa da SIC, acho que a Bárbara vai trazer uma linha engraçada porque é uma deusa, linda, olhamos para ali e queremos todos fazer dieta e ser lindos como ela, vai ser uma inspiração para os gordinhos. A Bárbara é uma pessoa muito afectiva, vai ter que olhar por aquelas pessoas que se estão a esforçar para estarem mais saudáveis. Mas é uma novidade, uma nota de frescura.  Como alguém que trabalha em televisão, acho que o programa vai ser prejudicado, porque este tipo de formato deve ter uma respiração entre um e outro, e estes estão muito colados. Se eu dissesse qual o programa que me preocuparia, se me preocupasse, seria muito mais ‘A Voz de Portugal', que é um óptimo formato.
‘Peso Peado' ficou a perder ou a ganhar com a mudança de apresentador?
Acho que uma nova apresentadora tem mais peso, as pessoas vão ter mais curiosidade de ver, não só os gordinhos como também a apresentadora. Mas isso também neste programa. Não tem nada a ver com a Júlia [Pinheiro], até porque o único ponto em comum com a Bárbara é estarmos as duas a substituir a Júlia, e as pessoas gostam de ver e de comparar.

A relação com a Júlia ficou melindrada com as declarações da semana passada?
Não. nunca fomos amigas por isso não há qualquer relação a preservar. Há uma relação profissional, conhecemo-nos, já trabalhámos juntas, quando nos cruzarmos penso que nos cumprimentaremos na mesma. Achei desagradável, acho a Júlia politicamente correcta, fiquei bastante surpreendida até. Eu não sou nada politicamente correcta, não foi minha intenção, mas responder como respondeu, é muito desagradável para todas as mulheres. Para mim, em particular, estou-me a borrifar, mas uma mulher não pode dizer aquilo da menopausa. Como é que uma mulher, com 46 anos, que apresenta um programa diário para as senhoras e tem sido esse o seu público, o faz? Acho muito desagradável tê-lo feito, qualquer mulher, não é só ela. Nem me parece dela, conheço-a como uma pessoa muito ponderada, que nunca diz o que não deve dizer.

Mas vai ter um sabor especial conseguir melhores audiências do que a Júlia?
Alguma vez me vou estar a comparar com alguém? Nem pensar! Este programa não são os apresentadores, são os concorrentes. Se puder contribuir com mais algum divertimento, se puder fazer com que brilhem, se for um sucesso, maravilha, mas nunca estive preocupada com outras pessoas na minha vida. Talvez seja narcisista, mas valho o que valho, e as outras pessoas valem o que valem. Era o mesmo que me comparar à Bárbara num programa de dança. É evidente que ira perder, mas isto não é sobre beleza enm sobre estilos, é sobre concorrentes. A comparação não passa pelo meu horizonte. A ínica coisa é que gostava era de ter tão boas audiências como no passado.

A Teresa diz que não liga nada a audiências. Não se vai preocupar?
Claro que vai ser uma preocupação, é o mesmo que em teatro dizer que tanto me dá representar para uma sala vazia ou cheia. Mas não faço concessões a isso, faço o que me diverte. Não vou fazer algo porque dá audiências, estava feita, não há programa que resista. Não quer dizer que não esteja preocupada, mas isso não pode estar presente quando estou a  fazer o programa.

Os programas-âncora das grelhas são agarrados por apresentadoras mais velhas.
Isso é em todo o Mundo, porque são apresentadores com mais experiência, que podem perguntar coisas que os mais novos não podem porque são da idade dos concorrentes. Há coisas que nesta idade posso perguntar, porque podiam ser meus filhos. Nem as pessoas em casa me vão levar a mal, nem vão pensar que há ali um interesse que não seja o deles. 

‘Sem Perdão' era orientado pelo André Cerqueira, que já não está na direcção da TVI. Isso mudou a sua relação com o canal?
Não.

Para além da saída do André Cerqueira, esta nova fase da TVI também não tem o José Eduardo Moniz, com quem mantinha uma boa relação. Sentiu que mudou algo?
A ausência do Zé Eduardo é uma presença, mas a da Manuela [Moura Guedes] também, porque são pessoas que estou habituada a ver nestes corredores. Mas não estou cá de forma permanente para saber o que mudou na forma de funcionar. Aparentemente nada, há pessoas para nos acompanhar em tudo. A TVI sempre teve algo que é curioso: nesta estação, os jornalistas são simpáticos e falam com todos, não há separação entre a redacção e os palhaços, há espírito de grupo e continuo a sentir isso. O Zé Eduardo e o Rangel fizeram a época de ouro nas televisões, porque eram pessoas com uma visão muito engraçada e eficaz. Não sou capaz de dizer qual era melhor, são diferentes na maneira de actuar, mas eram grandes homens de tv, e se hoje estivessem no activo, seriam admirados.

Continua a acreditar que não foi para o Brasil por iniciativa da SIC?
Tenho a certeza absoluta de que foi assim. Não tenho a certeza que tenha sido o Luís Marques [director-geral da SIC], mas tenho a certeza que foi alguém da SIC.

Ficou magoada?
Fiquei completamente surpreendida, pensei "o o que é que isto interessa?" Se fosse para ir ser sócia de alguma coisa, mas para ir fazer um papel numa novela da Globo que passa às 7h00 no Brasil e que a SIC até podia não comprar? Fiquei surpreendida, como é que eu sou tão importante? Foi uma desilusão, é verdade que na altura fiquei tristíssima, mas espero que eles agora também fiquem tristíssimos porque se estivesse no Brasil não estaria a apresentar o programa.

Isso beliscou a possibilidade de fazer um programa na SIC?
Acho absolutamente impossível. Não falo pelo Balsemão, mas acho impossível mesmo que o Luís Marques migre para outra estação. Já nos travámos de razões vezes a mais. Não vou dizer que somos inimigos, mas não é pessoa que me interesse.

Qual é o desejo para domingo?
Que me divirta tanto a fazer o programa como me diverti a escrevê-lo. Agora estou na fase alegre da bolha, de saber que  tenho um grande programa na mão e tenho pena de que não seja já amanhã.

PERFIL
Natural de Lisboa, a apresentadora de TV conta com várias actividades no currículo. Estreou-se na RTP, mas já foi o rosto de programas emblemáticos em todas as estações, como ‘1, 2, 3', na RTP, ‘Não Esqueça a Escova de Dentes', na SIC, e ‘Big Brother', na TVI. Aos 56 anos, dá aulas de apresentação, é actriz e prepara uma produtora no Brasil.

Entrevista retirada do  
Correio da Manhã.